Eu já disse que ser designer é improdutivo?
Em vários momentos durante a produção deste curta me peguei pensando em detalhes conceituais que com certeza poucas pessoas dariam importância.
Desde que me formei designer gráfico (ou talvez um pouco antes), conceitos como composição, enquadramento de 1/3, Gestalt, semi-ótica, acabam fazendo parte constante dos projetos que participo.
Um exemplo é a escolha tipográfica.
Geralmente, em um curta, o único lettering com alguma relevância é o título. Bem, no caso do EoPeoB, os diálogos vão ser todos escritos, daí a importância de uma boa solução tipográfica.
E a fonte escolhida foi a família Frutiger Next.
Os que trabalham comigo vão me achar muito “oportunista” pela escolha. Mas apesar de ter uma certa verdade nisso, não se trata de um comodismo gratuito.
A fonte foi desenvolvida por Adrian Frutiger, também responsável pela família de fontes Avenir e Univers, esta última inclusive usada no sistema de sinalização do aeroporto internacional de Paris.
Em uma polêmica paralela, aparentemente a Microsoft cogitou em utilizar uma versão da Frutiger como fonte padrão da interface do então novo Windows Vista. Não entrando em acordo, a gigante decidiu por criar sua própria versão Segoe, “coincidentemente” muito parecida com a Frutiger.
Afinal, tendo tantas fontes e tipógrafos no mundo, por que a “Frutiger”?
Começa na funcionalidade. Clareza, elegância e legibilidade, são exatamente as características marcantes do trabalho de Frutiger.
Um outro ponto chave é que a versão “oblíqua” (itálica) da “Next” é suficientemente diferente da normal, muito adequado para diferenciar as falas “mecânicas” das “humanas”.
Mas principalmente, existe um documentário sobre o tipógrafo sugestivamente chamado “The Man of Black and White” (O homem do preto e branco). Nele, ele mesmo explica que entre o branco do papel e o preto da tinta, o espaço entre eles forma um terceiro elemento imaginário, essencial para equilíbrar toda a composição.
E então, como poderia escolher outra fonte para este projeto?
Um exemplo da Frutiger aplicada pode ser conferida no teaser do post anterior.
Infelizmente, para um TCC de 3D, esse tipo de conceituação é secundário.
Mesmo assim, acredito que os pequenos detalhes valem a pena, pois no final acabam separando as peças boas e das excelente. Não que seja o caso deste curta…
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